segunda-feira, novembro 07, 2005

II Festival Península de Músicas

II Festival Península de Músicas



Pelo 2º ano consecutivo, Oeiras recebe o Festival Península de Músicas, uma co-produção da CMO e do Instituto Cervantes, nesta edição subordinada ao tema do encontro das culturas musicais ibéricas e o seu cruzamento com a literatura, integrando as comemorações do 4º centenário da publicação da primeira parte de D. Quixote de la Mancha, de Miguel Cervantes.

Este recital faz o enquadramento da época cruzando as três culturas da Espanha tardo-medieval e renascentista, e que são a sefartida, a mourisca e a católica; no fundo o cruzamento cultural que faz a península ibérica um território diferente do resto da Europa.


Dia 25 de Novembro (Sexta-feira) – 21h30
Música antiga com Speculum Musicae
Com direcção de
Ernesto Schmied
(Mouriscos, sefardíes y cristianos –El Quijote de las três culturas)


Speculum


Bilhetes: Plateia: 8 Euros / Balcão: 3 Euros

Bilhetes à venda no Auditório Municipal Eunice Muñoz, de terça a sábado das 14h00 às 19h00 e em dias de espectáculo, das 14h00 às 21h30.
Nas Lojas Fnac, lojas Viagens Abreu e www.ticketline.pt (reservas 210 036 300)

sexta-feira, novembro 04, 2005

Sinagoga descoberta no Porto

LOCAL DE CULTO DO SÉCULO XVI EM CASA ONDE ESTÁ A SER CONSTRUÍDO UM LAR
Sinagoga descoberta no Porto

Foi descoberta, no Porto, uma sinagoga de finais do século XVI. Por circunstâncias várias, tem enorme importância histórica, mas está numa casa onde a paróquia de Nossa Senhora da Vitória ultima a construção de um lar de idosos, com aval do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).

A historiadora Elvira Mea, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), anda há dois anos a lançar alertas para a existência, no nº 9 da Rua de S. Miguel, de um "Ehal" (nicho onde são guardados os rolos da Torah, a Lei atribuída a Moisés), que tem o especial valor de ter sido feito depois da expulsão/conversão forçada dos judeus em 1496/97, por D. Manuel. Trata-se de uma sinagoga clandestina, que constituía "uma afronta total à situação de Contra-Reforma". Para mais, além da tipologia da casa (uma entrada por trás, discreta, na Rua da Vitória), característica do culto clandestino, a documentação, designadamente da Inquisição, dá conta da existência, nas imediações, de casas de jogo, que os cristãos-novos usavam como elementos distractivos.

Elvira Mea, que diz ter contactado o IPPAR, o Governo, a Câmara do Porto e o Governo Civil (a única entidade que mostrou interesse), nota, ainda, que o achado faz luz sobre a obra "Nomologia..." (Amesterdão, 1629), de Imanuel Aboab, em que o autor diz ter visto a sinagoga, na sua meninice, algo que a ausência de vestígios materiais tornava duvidoso. A importância do "Ehal" é ainda maior, atendendo à falta de vestígios materiais da presença judaica no Porto, designadamente na zona do Olival, hoje Vitória, onde esteve a última judiaria da cidade. A localização da sinagoga na rua que agora é da Vitória, e não na de S. Miguel, é corroborada por escritos de historiadores como Geraldo Coelho Dias.

O arqueólogo Mário Jorge Barroca, também docente da FLUP, não hesita em afirmar que o "Ehal" é de finais do século XVI ou do início do século XVII, sendo um de quatro exemplares existentes em Portugal, juntamente com os de Castelo de Vide, de Castelo Mendo (que ele próprio identificou) e da Guarda. Apesar de danificado, por obras mais antigas, o "Ehal" constitui oportunidade única para aprofundar e divulgar o conhecimento sobre a cidade.
Pedro Olavo Simões

Paróquia e IPPAR receptivos

Agostinho Jardim, pároco de Nossa Senhora da Vitória, comprou a casa em questão há cerca de quatro anos, tendo descoberto o dito "nicho" ao ver que "havia uma parede falsa a tapar qualquer coisa". O lar, feito ali por ter sido aquela a casa devoluta que apresentava melhores condições, é uma necessidade premente, e a obra está perfeitamente legal, mas o padre Jardim está aberto à procura de uma solução. Já Miguel Rodrigues, da Direcção Regional do Porto do IPPAR, admite a importância do achado e a necessidade de fazer tudo pela presevação, mas nota que, por o edifício não ser do Estado, há que ter em conta "todos os interesses em presença". Diz ter sabido do caso há 15 dias, desconhecendo os apelos feitos anteriormente.


in Jornal de Notícias de 27-10-2005